Facebook - Na Garopaba Instagram - Na Garopaba Whatsapp - Na Garopaba

Nos siga nas redes sociais

NOÉ ESTÁ COM A ARCA POR AQUI, EM ALGUM LUGAR

 

Tem que estar, em algum galpão escondido da zona central está construindo a famosa e emblemática nau. 

Não me refiro a fim de mundo, nem que a humanidade precise de alguma guinada na sua trajetória. Não sou afeito a tais crenças e nem temores. Medo eu teria se o galpão fosse um templo e estivesse lotado, aí esta arca me tiraria o sono.

Me refiro a sinais da natureza. Não negativos como os pré-tsunamis e terremotos, como os de fogo na mata quando as aves mudam seu comportamento e fogem em bando. Positivos me refiro, como as aves que avisam da proximidade da terra aos que no mar estão. 

E de aves em movimentos estranhos e benvindos é que gostaria de chamar a atenção. Estou na região faz 10 anos, morando em definitivo. Gosto de números redondos, digo 10 já faz quase 2 anos. Já morei na Silveira no canto norte e no canto sul, na Encantada, e agora estou no centro. Na borda do centro, próximo à encosta do morro da Silveira. Mas perambulo bastante pela região e é impressionante o aumento de aves silvestres que andam cada dia menos ariscas e se atrevem a se aproximar do casario. 

Não falo de pardais, sabiás, quero-queros, corujas buraqueiras, bentevis, rolas, canários da terra, joãos-de-barro, almas-de-gato, anus, garças, gaivotas, galinholas, urubus e gaviões. E outras tantas, acostumadas com o homem e suas circustâncias.

Falo de aves que somente as víamos quando próximos das áreas menos urbanizadas. Tucanos, gralhas azuis, aracuãs, saíras, curucacas, pica-paus carijós, as que mais vejo e me fazem pensar. Tem mais, certamente, não sou ornitólogo e nem faço parte de clube de observação de aves. Uma vez entrei no Wikiaves, nada sei sobre elas a não ser admirar a sua beleza e seus sons. Não tem como não ficar refletindo, o que está acontecendo que a cada ano elas estão mais dentro da cidade, nas bordas. 

 

n/d

 

Tucano do bico verde, animal arisco que tem sido observado com mais frequência na região, em geral pousado em árvores mais altas. Foto: Projeto Gaia Village.

 

Falta de alimento acho que não é porque a mata que temos hoje nos circundando não havia 30 a 40 anos atrás. Atribuo à proximidade da mata abundante, que é onde se abrigam e se reproduzem, e que garante este aumento na diversidade e na população. Menos caça e menos veneno, menos maldade, o bicho vai perdendo a balda, o medo. Eles não são tolox não, chegam mas não chegam assim, feito Ghandis com asas. Vai um destacamento precursor, observam, ensaiam, fingem que não tão nem aí. Mas, diapoquinho chegam. Qualquer movimento debandam, tipo pombo nas praças.

 

n/d

 

 Curucaca ou Curicaca, ave de ocorrência comum nos Campos de Cima da Serra, é cada vez mais fácil de observa-la na região de Garopaba. Ninhos em antenas e árvores altas, vôos ao amanhecer e entardecer, seu canto neste momento nos chama a buscá-las no céu.

 

Vem fazer o que aqui, numa cidade que não tem quase árvores, não tem praças, imagina se tivéssemos. Só sei que a gralha azul está avançando, ouço e vejo ela aqui perto, já na malha urbana. As aracuãs, ariscas, porque não são bobas, estão direto no entorno tirando o sono dos que gostam de um travesseiro. Dizem que era caça predileta num passado de tempos difíceis. As curucacas, tem ninhos dentro do centro, cruzam que nem os jatos nos céus, só que em vez de norte-sul vejo mais cruzando de leste a oeste. Dos morros da costa para dentro. Tucanos, ah, estes são os mais sestrosos, não aparecem em qualquer estação, mas já vi por todos os locais. É mais comum ouvir, tem aquele canto estralado, parece um reco-reco grave. Não falei das saracuras, sempre nas baixadas e beiras de mato, quando nos aproximamos fogem dando gambetas que nem avestruz. Devem estar esperando o Noé chamar, para entrarem na arca, sei lá.

 

n/d

 Gralha azul, outra ave símbolo da Mata de Araucária, desceu a serra e anda faceira por aqui. Sempre em bandos, também veio xeretar na cidade. Quando alça vôo suas asas e pescoço azul brilham no sol, um espetáculo. Desconfiada, demora para confiar em quem pretende ficar brother.

 

 

 

Mas está legal assim, está bom de vender o produto agora, quem vê compra. A bicharada a mil. Será assim amanhã? Pode até aumentar, dependerá de nós. Se tivermos as ruas arborizadas, se fizermos praças e parques, se houver estímulo a plantio de nativas no terreno particular, se as novas urbanizações que estão prestes a subir as encostas forem amigáveis, se as tão faladas ecovilas e projetos permaculturais deslancharem com sua biodiversidade e recuperação dos solos, bom daí isto aqui vira um paraíso. E nem falei da vocação que tem toda a área úmida na baixada que hoje é pasto, valo e gado, e que em qualquer lugar do globo seria um imenso parque. Parque para garantir a drenagem urbana, a recarga do lençol freático, a vida na sua plenitude.

Ou pode piorar, basta fazerem tudo ao revés, ou seja, como está pintando estarem fazendo, ali e acolá.  E aí, bem, aí eu embarco na arca junto e sequestro ela para Jaguaruna, faço uma seita religiosa-ambiental, as aves me defenderão e nem o IBAMA entra lá. 

 

Texto Kiko Simch - Engenheiro Agronomo Paisagista @kikosimch

Foto: Projeto Gaia Village.




Central de Atendimento:
(48) 9 9161 0645

Formas de Pagamento:

Cartões de Crédito

Site Seguro

Site Seguro Segurança PagSeguro Uol

Na Garopaba - Todos os direitos reservados

Produzido por: PluGzOne - Criação de Sites e Desenvolvimento de Sistemas Web em Pelotas, RS