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LAGOA DAS CAPIVARAS, RATÕES E ANTAS

 

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Juntos podemos ser mais qualquer coisa, melhores ou piores, e até seguirmos sendo iguais. Muito papo e saliva tende a enferrujar a mola que nos faz saltar, sentimos uma falsa sensação de engajamento e participação. Se nada acontece, geralmente provocado por outro que não “eu”, vamos esfriando, tendemos a seguir acomodados. Mas que “eu” disse, ah!, “eu disse. Tem mais, tentei...Os outros é que...

A Lagoa das Capivaras está na mira, antes quem estava eram elas, os maiores roedores de Gaia, pesando quase 100 kilos. Dez vezes mais que o Ratão-do-Banhado, também roedor e com hábitos semelhantes. E este tem um longo rabo e o Capincho que é a Capivara para os Hermanos, não tem rabo, nem rabo preso. 

Em tempos de Covid, o que não falta é tempo. Coitada da Capivara, da Lagoa, e da Ciência. Todo mundo é doutor, doutor em espalhar caca, em afirmar sem saber. Não sendo doutor, não se tem obrigação de saber, mas 15 minutos no Google dão uma lapidada, aparam umas arestas, tiram umas felpas, ferpas? Em tempos de Biomimetismo, que se inspira na natureza para o desenho de soluções e estratégias para fins diversos, o tão repetido caso do velcro que se inspirou no carrapicho, podíamos biomimetizar o hábito alimentar da capivara. Ela ingere suas fezes, coprofagia, somente as noturnas, ricas ainda em nutrientes e dá uma conferida no conteúdo, fazendo a cecotrofia, etapa final da digestão. Dali saem aqueles inofensivos bolinhos, como fazem também os coelhos. Bem que podiam inspirar o nosso espalha-caca.

Acho ótimo estarmos todos preocupados com o meio ambiente, minha atividade está relacionada com sua valorização e sim, está valorizado. Esta preocupação deveria ser trabalhada com a busca de informações ao nosso alcance, sem precisarmos dissertar uma tese,  e a consequente troca destas informações. E daí canalizar esta preocupação somada a informação para um novo patamar de conhecimento da questão, qualificando a massa crítica. Espasmos verbais vão seguir ocorrendo, sempre, mas se os engajados e consternados snipers da lagoa se amansarem e passarem a fazer turismo fotográfico ao invés de caçar, aí teremos chance de encontrar um desenho. 

Afirmam serem ratões, se forem tem rabo. Afirmam que capivaras causam desequilíbrio, comem tudo, que não tendo jacarés e leão-baio por aqui, elas irão acabar com a lagoa. Ainda nem temos lagoa, e já sugerem o controle do animal símbolo do ambiente. Sendo herbívora, vai controlar a proliferação de vegetação que se desenvolve mais em função das nossas cacas, que percolam de fossas e vertem de ligações clandestinas na rede pluvial. Se elas seguirem ali, se não fugiram com a seca, deixa elas ali, quietinhas. Com o tempo, com monitoramento, com contagem da população, se decide. Até lá, deixa o samba rolar. Tem gavião e cobra que se alimentará de filhotes, tem cachorro solto que ainda vive de bater no ambiente natural, e disto não falamos.

Neste caldeirão de olhares, dizeres e fazeres temos uma oportunidade, uma chance de atingirmos uma nova condição de qualidade ambiental para a Lagoa.

 

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Guardei para o final o mais visível, a lagoa seca. 

Seria muito produtivo separarmos esta discussão em partes. A questão legal e fundiária, deixo para o MP e a justiça, tem Ciência também nesta área. Posso não concordar, muitas das vezes até não concordo, mas é ciência. A questão Flora e Fauna, sua preservação, deste desenho devemos nos atentar e aprimorar, está ao acaso, precisamos levantamentos e acompanhamentos, orientação para eventualmente interferir. Que espécies se introduz para enriquecer a comunidade vegetal, se for o caso. Onde e como a cidade, o homem, chega perto dela. Definirmos a zona de amortecimento, o tal “buffer”, nos fundos dos lotes e ocupações lindeiras. Avisar desde já que não são casas a beira de lago, são casas com fundos para a natureza, para um valorizado e em recuperação ambiente natural. Na interface mais alterada da lagoa, onde se pretende oportunizar a visualização e contato da comunidade com esta riqueza, justa demanda, que esta ocorra respeitando este manancial. Equipamentos e mobiliário urbano ali implantados poderão passar diferentes mensagens, desde a cidade avança e dita a ordem até a natureza é vital e precisamos regenerá-la. Entre estes polos, encontrar o desenho apropriado.

Mudei de parágrafo, era para estar acima. O terceiro ponto que estamos tratando neste caldeirão e precisa ser descascado qual cebola, é o da seca, da lagoa estar sem água. Cada coisa que se ouve. E temos que cuidar muito ao nos manifestarmos, nestes tempos coléricos. Foi a limpeza da lagoa que desencadeou este desequilíbrio hídrico...A limpeza está feita, bem ou mal, está feita. Poderia ser assim ou assado, até este pó baixar para retomar a busca da solução precisaremos de tolerância. Outra afirmação, a drenagem de lotes para a rede pluvial urbana desviou a água para o mar, reduzindo a contribuição e consequentemente o volume armazenado. E tem outras razões para a lagoa seca, nas afirmações de nossas fezes noturnas não digeridas. 

Falam da lagoa como se fosse uma cisterna, um açude artificial. O nível da lagoa é a manifestação do nível do lençol freático, o afloramento deste. Posso afirmar e garantir? Não, somente a instalação de piezômetros, que são poços de monitoramento dispostos de forma técnica no entorno da lagoa poderão afirmar algo, a tal ciência. Mas de uma verdade não escapamos, temos uma bacia hidrográfica onde chove x, escorre y e infiltra z, temos valos de drenagem urbana que esgotam w, temos poços artesianos e são centenas no centro que consomem k, este balanço hídrico resultará no nível do freático. 

Estiveram aqui na Câmara dos Vereadores nos brindando com seu saber 2 técnicos, um perito ambiental com formação biológica e um hidrogeólogo. Um afirmou bastante, e levantou lebres, não coelhos. Não perdeu oportunidade para criar dúvidas nas suas tantas certezas, num ambiente já turbulento mais um “samear” a discórdia. O outro, mais afeto ao motivo da conversa, saber o porque da lagoa seca, não passou segurança nas suas posições, de ator principal ali passou a coadjuvante, uma pena. E muita gente esperando desta conversa para somar conhecimento e encontrar um caminho. 

Uma pena uma situação destas, que poderia ser um produtivo fórum de debate ambiental, ser o palco de egos e interesses, uma pena. Para mim, claro está que precisamos seguir na busca de pareceres e estudos, amparar na ciência nossas decisões. Aproveitar este momento de preocupação, de disponibilidade de tempo e de vontade de mudar para acharmos a melhor solução para a Lagoa das Capivaras.

E as antas, o que tem a ver com isto? Antas somos nós, que podemos ser animais em extinção que são vitais na dispersão de sementes e na diversidade da mata, ou aquilo que rotulamos ser esta bela e icônica criatura, tolos. Mais uma vez, nós ignorando a natureza, nos achando melhores. 

 

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Texto Kiko Simch - Engenheiro Agronomo Paisagista @kikosimch

Fotos - @kikosimch




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